quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2011 NOVOS DESAFIOS

Os 21 pontos fundamentais de
CARLOS GHOSN – CEO da Renault-Nissan
Fonte: Revista Época Negócios no. 46 – dezembro 2010

Getulio A. Ferreira – CEBICT

Originalmente a revista Época Negócios publicou este texto com o título de "Cartilha" com os ensinamentos do mestre brasileiro da gestão empresarial, entretanto, conhecendo a trajetória de outro mestre, autor dos famosos 14 pontos, resolvemos fazer uma homenagem ao Dr. Deming por sua também valiosa contribuição ao mundo da Qualidade e Produtividade transformando este importante texto em tópicos pontuados.
O Sr. Carlos Ghosn, 56 anos, é o gestor do momento trabalhando com conceitos simples, porém, de forma objetiva, clara e contundente. Sua obsessão por resultados lhe valeu o apelido de "Le Cost Killer"- o matador de custos. Comanda hoje 305 mil funcionários nas duas empresas, que juntas, neste primeiro semestre de 2010 faturaram 73,8 bilhoes de dólares em 3,35 milhões de veículos produzidos. O grupo Renault-Nissan já é o 5º maior do mundo em milhões de unidades produzidas.
  1. AÇÃO – Muitas vezes, as pessoas fazem grandes discursos e nada acontece depois. Palavras não ajudam a transformar a realidade. O que muda são ações que podem ser medidas, quantificadas. Faça apenas o que puder medir.
  2. BONS PRODUTOS – Para uma empresa não existem problemas que bons produtos não resolvam. No caso dos automóveis, os que combinam paixão, estilo e desempenho sempre terão clientes. E eles pagarão pelo que querem.
  3. CLIENTE E COMUNICAÇÃO – Uma empresa só se dará bem se estiver conectada com o que motiva o consumidor. Não adianta repetir a concorrência. Um dos maiores erros de um gestor é não saber se comunicar com os clientes e funcionários. Se um colaborador não consegue entender o que se espera dele, não fará o que você espera dele.
  4. DECISÃO – Uma vez que uma decisão foi tomada e fundamentada, ela deve ser implementada. Debates sobre alternativas de como atingir as metas devem ser abertos, mas objetivos e com calendário. Manter a unidade de comando é indispensável.
  5. EXATIDÃO – Faça certo uma vez. Você pode não ter uma segunda chance para dar seu melhor tiro. Uma vez alcançada uma etapa rumo às metas, ela deve ser comunicada para manter a motivação da equipe.
  6. FLEXIBILIDADE E FUTURO – Planos podem – e devem – ser revistos se o cenário mudar. Companhias de estrutura rígida e acomodada têm menos chances. Nunca deixe de pensar no futuro. Crises sempre terminam.
  7. GESTÃO E GLOBALIZAÇÃO – Preste atenção à imagem da marca, ao design, à publicidade, à qualidade do que produz, aos detalhes. Cada vez mais o crescimento virá de novas economias como as da China, Índia, América Latina, Rússia, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Extraia o melhor de cada cultura, respeite e integre.   
  8. HUMILDADE – A melhor maneira de consertar um problema é ter a franqueza de    reconhecer       que existe um e procurar resolve-lo o quanto antes.
  9. IMERSÃO – Para fazer o planejamento radical de uma empresa, nada melhor do que ouvir o que funcionários de diferentes níveis têm a dizer.
  10. JOGO DE CENA – Um dos maiores problemas corporativos acontece quando as pessoas almejam funções de liderança, mas não querem ter problemas difíceis para resolver. Funções de comando exigem obstinação, responsabilidade e assumir posturas difíceis.
  11. LÍDER E LUCRO – Um bom líder pode trazer resultados. Mas um grande líder pode escrever uma nova história. Mesmo em meio à adversidade, companhias são feitas para dar dinheiro. Ao menor sinal de perda de eficiência, mexa-se.
  12. MOTIVAÇÃO – Uma das principais responsabilidades de um CEO é preparar futuros líderes para ter sucesso em cargos de alto nível. Os melhores planos são os que nascem dentro da empresa. Não tenha medo de sonhar alto ou de falhar, desde que tenha um bom plano nas mãos. Basta confiar nas pessoas e no planejamento.
  13. NÚMEROS – Sempre quantifique suas metas. Planos qualitativos, baseados apenas em conceitos, raramente dão certo. É preciso estabelecer prioridades que as pessoas possam medir.
  14. OUVIR – Escute as pessoas que trabalham com você com toda a atenção. É um subsídio fundamental para o diagnóstico de uma situação, para o planejamento, para a tomada de decisões.
  15. PARCERIAS – Num acordo entre duas empresas, nunca uma delas deve impor sua cultura. Isto destrói valores.
  16. QUALIDADE – É fundamental que um dirigente seja hábil em finanças. Deve também manter-se atualizado sobre novas tecnologias e competente para analisar o mercado.
  17. RECONSTRUÇÃO – Todo processo de reorganização deve ter prioridades e metas. O alicerce são orçamento e calendário, com objetivos determinados.
  18. SIMPLES – Um gestor deve estabelecer um plano descomplicado que diagnostique claramente qual a situação da empresa e para onde ela está indo. O plano deve ser implementado em todos os níveis da empresa e as pessoas têm de sentir comprometimento do comando e da equipe da qual faz parte.
  19. TIMES MULTIFUNCIONAIS – Colocar para trabalhar juntas pessoas com diferentes formações serve para mobilizar profissionais com diferentes visões do negócio. Deixar que se formem feudos (ilhas) é a rota certeira para o fracasso.
  20. URGÊNCIA – Rapidez e eficiência são fundamentais para se tomar decisões importantes. Principalmente em períodos de crise ou quando um negócio está perdendo dinheiro.
  21. VISÃO E VIDA PESSOAL
    Uma vez desenvolvida a visão, ela deve ser conhecida, compreendida e compartilhada por todos (Ver o filme Força da Visão, ou Visão do Futuro, Joel Baker – Siamar). Mesmo durante períodos intensos, com longas jornadas. Encontre tempo para a família.


    Conclusões

    Uma análise básica dos princípios defendidos por Ghosn revela alguns termos que ele faz questão de defender: medição, valorização ou quantificação, planejamento, clientes, comunicação, motivação, objetivos, metas..., ou seja, todos aqueles pontos fundamentais já salientados e transmitidos por feras da administração como Deming, Juran, Ishikawa, Crosby entre outros. Parece então que o segredo está na execução dos princípios (colocar a mão na massa), já que eles são conhecidos há muito tempo.
    Não importa, realmente, o tamanho da organização ou tipo de produto que a empresa esteja produzindo e podemos também dizer que com um pouquinho de esforço poderemos aplicar a mesma filosofia de trabalho no Serviço Público, por exemplo. Basta apenas que façamos algumas adaptações em termos de nomenclatura e também nos produtos e serviços produzidos neste tipo de organização.
    Ao que parece, podemos também reconhecer nos 21 pontos citados por Ghosn um encaixe perfeito com a METODOLOGIA DO PDCA, ou seja:
    Começando pelo P de Plano, procedimento, projetos (aí estão também as metas e desafios). Melhorando a competência e motivação das pessoas pelo treinamento no "que" e no "como". Delegar às pessoas a autoridade nos processos e sua execução, a responsabilidade continua sendo do gerente. Em seguida a execução do controle sistemático baseado em fatos e dados, pois quem não mede, não gerencia coisa alguma. E finalizando, além de resolver os problemas advindo do controle rigoroso dos indicadores gerenciais e operacionais, é preciso que sejam definidas novas metas desafiadoras em função do comportamento do mercado e também da evolução da concorrência (via benchmarks).
    Portanto, a direção nos parece óbvia, o que falta em quase todos os casos é a mobilização para FAZER ACONTECER. Esta é a tarefa mais importante dos líderes das empresas vencedoras.


    Getulio A. Ferreira

    Consultor empresarial – CEBICT

    Dezembro 2010

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