sexta-feira, 12 de março de 2010

SUSTENTABILIDADE




Robson Melo,
Consultor para Sustentabilidade




     Uma nação que tem as crianças fora da escola; uma cidade com seus rios poluídos, o lixo amontoado sem os devidos cuidados ambientais, que não tenha espaços verdes para uma auto-educação ambiental; uma empresa que não pode remunerar bem os seus empregados e nem recolher os encargos e impostos, além de não dar retorno de lucratividade para os acionistas; pessoas vivendo em condições sem saneamento; políticas públicas que não têm continuidade, sem uma visão de longo prazo; projetos turísticos em que não são respeitados os costumes e a cultura locais...


Ë fácil perceber o que é insustentável com esses contra-exemplos de sustentabilidade.
Mas, afinal, o que é sustentabilidade? Encontramos no dicionário Aurélio que sustentabilidade é a qualidade de sustentável que, por sua vez, é um adjetivo, e diz daquilo que se pode sustentar, ou capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período.


Se olhamos essas situações com mais detalhes constatamos que, no aspecto econômico-financeiro, é fundamental o lucro. Diria mesmo que o lucro é o oxigênio que sustenta o negócio e a primeira obrigação social de qualquer negócio. Sim, o lucro visto como algo a ser distribuído, e não acumulado por poucos. Daí a importância de a propriedade já estar compartilhada na participação acionária, com uma boa parcela de acionistas minoritários, além dos controladores. Estes , em geral, são os fundadores da Empresa e portanto procuram fazer prevalecer a razão de existir do negócio, enquanto os não-controladores também acreditam nos propósitos empresariais e, portanto, apostam no seu sucesso. Enfim, como parte da sociedade a empresa deve operar numa visão de longo prazo, e é a lucratividade é fundamental para sua perenidade.


Já no aspecto social, não se alcançará desenvolvimento para todos se a riqueza não for justamente distribuída. E isso pode ser alcançado com a parceria entre os setores da sociedade, que são:
  • O Governos;
  • As Empresas;
  • As Organizações civis.

Tais parcerias podem resultar em melhores e mais consistentes planos estratégicos, tal como a Agenda 21. Igualmente, a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias sociais, aliando entidades de microcrédito com empreendedores sociais e as empresas, podem produzir negócios sustentáveis de solução no déficit habitacional, no saneamento básico, no desenvolvimento sócio-econômico de comunidades, bem como no turismo, ao longo de todo o ano e não apenas sazonalmente.


Na dimensão ambiental da sustentabilidade não bastam, investimentos em equipamentos e sistemas de controle. Além de gestão dos resíduos, do controle dos efluentes industrias e urbanos, dentro dos limites estabelecidos para a saúde ambiental e da população, é fundamental a educação ambiental dos cidadãos, turistas ou não. Devemos reconhecer que ninguém nasce sabendo e que todos nós somos impulsionados pelo exemplo. Ademais, nossa cultura imediatista faz-nos esquecer de observar os ensinamentos da própria natureza, onde tudo tem o seu tempo e nasce pequeno, exigindo maturação para que os resultados se mostrem sustentáveis. Além disso, já são muitos os exemplos de que investir em meio ambiente também traz resultados econômicos, combatendo-se o desperdício, aproveitando-se os resíduos para geração de outros materiais e novas aplicações. Isto aponta na direção da transformação e renovação da energia, inserida nos materiais e na natureza.


A cultura é mais uma dimensão da sustentabilidade de grande importância, uma vez que ela se refere à identidade das pessoas com o local em que vivem, se refere ao seu jeito de viver, seus valores e mesmo seus mitos. Portanto, se a comunidade não se vê em determinado projeto, por exemplo de turismo, ou não participou na proposta de uma ação coletiva de seu interesse e cujo objetivo é o seu bem-estar e desenvolvimento, ela tende a não apoiar. Portanto, um risco a mais para a sustentabilidade do negócio. Daí que nos estudos de impacto, seja ambiental ou urbano, há que se ouvir as demandas e expectativas dos vizinhos, em particular. Assim se dá demonstração de que o negócio tem uma razão social, não aquela registrada em cartório, mas a que faz sentido de existência. Empresas e ações públicas em que a comunidade vê sentido terão o seu apoio. Ser sustentável exige, portanto, que haja o diálogo com as partes interessadas, tomando em conta não reduzir ou destruir os seus valores, mitos e costumes.


Continuidade das políticas públicas pode atrair e incentivar novos negócios, pois decorre daí a certeza de que as regras não mudarão. Para a população, além de demonstrar a firmeza de propósito dos governantes e empreendedores, aponta benefícios no longo prazo. Políticas públicas sociais e para o desenvolvimento de novos negócios devem ser elaboradas de forma que reflitam o jeito da sociedade, e persistam mesmo com as mudanças dos seus gestores, tornando-se sustentáveis.
  
As situações desenhadas acima mostram-nos que para ser sustentável há que se cuidar do meio ambiente, ter a visão de uma eqüidade social, bem como apresentar resultados econômicos, ter respeito à cultura local e continuidade política, isto é, firmeza de propósitos. Essa maneira de conduzir os negócios e o desenvolvimento da sociedade visa, portanto, as presentes e futuras gerações


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