Com sala de relaxamento, TV e "pomar", empresa aumenta produtividade em 60%
FONTE: WWW.uol.com.brDanilo Schramm
Em São Paulo
Comentários: Getulio A. Ferreira, em itálico
Ambientes de trabalho estressantes somados a longas jornadas diárias podem resultar na diminuição drástica da produtividade, conflitos de relacionamento e alta rotatividade de funcionários. Para combater esses problemas e obter melhores resultados na produção, empresas investem cada vez mais na qualidade de vida de seus funcionários.
A qualquer momento do dia, os funcionários podem fazer uma pausa para assistir televisão, cochilar nas salas de relaxamento, bater um papo com um psicólogo, ler um livro ou usar as redes de descanso em contato direto com a natureza. "Se o colaborador não está bem porque teve uma péssima noite de sono ele não irá produzir. Então ele tem a oportunidade de relaxar um pouco antes de começar o trabalho", diz Luiza Nizoli, diretora executiva da Apdata.
Luiza conta que em 2002 a empresa decidiu investir em um ambiente totalmente diferenciado com foco no bem-estar dos colaboradores. "A idéia surgiu quando decidimos construir uma nova sede. Nós criamos um ambiente de trabalho diferente, mais tranquilo e acolhedor, sem aquela coisa high tech. Queríamos fugir daqueles ambientes corporativos mais conservadores", explica a executiva.
Nas viagens que fizemos a Kawasaki no Japão nos anos 80 foi possível observar este comportamento pró Qualidade de Vida nas usinas siderúrgicas do grupo. Salas de descanso, áreas reflorestadas, salas de jogos e de leitura faziam parte de um ambiente limpo e harmonioso.
Também foi possível, à moda japonesa, a introdução de sessões de ginástica no início da jornada de trabalho, como no caso da Acesita, em Timóteo MG.
Medo de parecer folgado
A executiva conta que, no primeiro momento, foi muito difícil fazer com que os funcionários se acostumassem com o novo ambiente de trabalho, pois muitos tinham receio de sofrer punições por utilizar o espaço para relaxar, assistir televisão ou ouvir música dentro do horário de trabalho.
"Queríamos que eles [funcionários] participassem e fizemos um trabalho interno de conscientização de que aquilo traria benefícios. Incentivamos todos a utilizar o espaço sem o menor receio e aí eles começaram a sentir que a empresa realmente estava fazendo aquilo com seriedade", explica Luiza.
A idéia deu tão certo que o retorno desse investimento não demorou a chegar. Segundo Luiza, já no final do ano de 2002 a empresa obteve um ganho de produtividade de mais de 60%. "Era nítido nas pessoas aquela alegria, aquele entusiasmo de ter um ambiente assim tão acolhedor e o reflexo disso foi visto no crescimento da empresa e na satisfação do cliente que passou a ter um atendimento melhor", diz a executiva.
A diferença também foi notada na retenção de talentos. "Ao longo desses anos nós atingimos um turnover de 1% ao ano. Esse número é muito baixo para nosso segmento que é o de serviço. Eu acredito que as empresas que não investirem nisso vão ter uma dificuldade muito grande em reter talentos", afirma Luiza.
Ambiente saudável
De acordo com a diretora da Apdata, cerca de 30% dos funcionários da empresa eram fumantes. Após a implantação dos novos ambientes na empresa, esse número diminuiu para 5%. "Nossa meta para 2011 é chegar em 1%. Temos planos para construir uma academia e um templo de meditação", diz a executiva.
Até pouco tempo, as empresas não se preocupavam com a saúde mental de seus colaboradores, mas o mercado de trabalho apresenta uma mudança de perfil. Para adequar-se às necessidades fisiológicas dos colaboradores e alcançar melhores resultados profissionais, algumas empresas já permitem pausas para descanso durante a jornada de trabalho.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e do Instituto Karolinska, na Suécia, revela que situações de estresse podem aumentar em 70% as chances de um funcionário ser afastado do trabalho. "Ao contrário do que se pensava, mesmo um leve 'desconforto emocional' leva à incapacidade funcional em longo prazo", diz o autor do estudo, Dheeraj Ra, da Universidade de Bristol.
Como já preconizava Robert Levering ( Robert Levering é consultor especialista em gestão de pessoas e fundador do Great Place to Work® Institute, consultoria internacional especializada na transformação de ambientes de trabalho, responsável pela pesquisa Melhores Empresas para Trabalhar. Com a expertise adquirida em 25 anos de avaliação do ambiente corporativo, Levering coordenou o livro Transformando a cultura do ambiente de trabalho: a perspectiva do Great Place to Work® Institute), um melhor ambiente de trabalho tem correlação direta e positiva com a melhoria da produtividade e lucratividade empresarial.
Conclusão: vale a pena ter funcionários felizes e com alto conforto emocional, pois o resultado final significa produtividade e lucros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário