O QUE VIRÁ?
'O progresso é o desenvolvimento gradual do poderio humano sobre a matéria; é, sobretudo, o desenvolvimento da sua moralidade.'
|Anne Robert Jacques Turgot, Paris, 10 de maio de 1727 – 18 de março de 1781, foi um economista considerado, por sua obra, um elo entre as escolas fisiocrática e britânica de economia clássica|
Quando a redação solicitou que fosse preparado este texto, pensei em algo que não servisse para ocupar um espaço na revista e que não promovesse transformação. Nunca estive tão fascinado e comprometido com 'transformação' como nos tempos atuais.
Vivi num período no qual a sociedade talvez tenha vivenciado o maior volume de mudanças numa única geração. Os anos 60, 70 e 80 foram palco de profundas mudanças em todos os segmentos, em todos os lugares do planeta.
Quando vejo a sociedade do 'agora', percebo o quanto fomos descuidados quanto ao legado que aquela geração dos anos da mudança deveria deixar para a próxima geração. Em muitos aspectos, temos visto uma grande e profunda inversão de valores nos mais variados campos da sociedade. Mesmo numa sociedade cristianizada, assistimos debates e embates que contrariam diametralmente os fundamentos do modelo de fé mais aceito em nossa nação.
Parece que começamos a experimentar naquelas ações de aceleração da mudança um tempo – que não tem fim – de desconstrução. Esse conceito da 'desconstrução' surgiu em 1962 na introdução de um livro do filósofo alemão E. Husserl, e não significa 'destruição', mas 'desmontagem, de composição dos elementos da escrita'.
Quando ouvimos tantos falarem da necessidade de 'novos paradigmas', isto se deve ao tanto que se desconstruiu nos campos dos princípios, valores e do comportamento ético. Penso até que a sociedade não precisa de novos paradigmas, mas de trazer os paradigmas que sustentaram a nossa formação. Negar os modelos nos quais fomos firmados é negar nossa própria distorção.
Nunca uma sociedade precisou tanto de fazer marchas pelas ruas para firmar suas ideologias como em nosso tempo. Vide Marcha da Maconha para representar tantas outras, muitas delas um tanto esdrúxulas.
Muitos de nós defendemos posições como se tudo estivesse em montagem para nos amparar no 'agora', mas nos esquecemos que somos responsáveis em preparar aqueles que influenciarão nas próximas gerações. Quando estivermos velhinhos, levados pela força dos braços dos mais novos, de que forma queremos ver a sociedade que lhes transmitimos? Responder, de forma socialmente responsável, a esta pergunta é se comprometer a formar, também de maneira socialmente responsável, a próxima geração.
Precisamos olhar para os principais pilares da sociedade – Artes & Entretenimento, Mídia & Comunicação, Governo & Política, Economia & Negócios, Educação & Ciência, Família e, por fim Igreja & Religião – e afirmar que a forma como nós e nossos filhos têm sido afetados poderá causar graves danos às gerações vindouras.
É mister que alinhemos estes pilares com paradigmas que garantam que o Brasil do futuro será maior do que o Brasil do agora.
'O que virá?' deve se tornar a pergunta de todos os cidadãos, desde políticos envolvidos em falcatruas até o padrasto estuprador, passando por quem sonega impostos, que mente, que dirige alcoolizado etc. Todos temos um potencial e um chamado para construir.
João Carlos Marins, Administrador, consultor empresarial, articulista de várias revistas do setor organizacional.
Para o blog do Getulio
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